O viés feminino da lenda de Olisipo na escrita de Natália Correia e Dulce Maria Cardoso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1302

Palavras-chave:

Natália Correia, Dulce Maria Cardoso, Mito fundacional, Memória cultural, Olisipo

Resumo

Associar o nome de Ulisses à fundação de Lisboa, forçando etimologias que ligariam a personagem homérica (já com o nome latinizado) a Por­tugal, tem sido, desde há muito tempo, uma forma de dignificar a nação, dando-lhe um patriarca famoso – como as outras figuras masculinas que aparecem, por exemplo, em Os Lusíadas. Não importa que a personagem seja mítica; afinal, “[o] mytho é o nada que é tudo”, como escreve Fernan­do Pessoa. Se a Olisipo (Lisboa) mítica torna-se, então, parte da história de Portugal, torna-se, também, mais recentemente, fonte para reflexões que partem de uma perspectiva feminina. Isso se observa em contos como “A Ilha de Circe”, de Natália Correia, homônimo ao livro publicado em 1983, e “Tudo são histórias de amor”, de Dulce Maria Cardoso, também homônimo ao volume em que se insere, publicado em 2014. Em ambos os contos, a lenda de que o périplo de Ulisses teve em terras portuguesas uma parada fundadora é retomada para que se dê destaque, porém, às deusas que estariam ligadas a essa fundação: Circe, no conto de Natália, e Ophiusa, no conto de Dulce Cardoso. Os dois contos também têm em comum o fato de que trazem a figura masculina não pelo viés da glória colonizatória e da autoridade, e sim, para se utilizar um termo bastante contemporâneo, da irresponsabilidade afetiva. Daremos foco a esses pontos neste ensaio, ligando Olisipo a outras possíveis gêneses míticas, femi­ninas, de Portugal.

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Biografia do Autor

Larissa Fonseca e Silva, Universidade de São Paulo (USP)

Doutoranda em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP), desenvolvendo tese, com a orienta­ção de Marcia Arruda Franco, sobre os “ecos” d’Os Lusíadas em romances portugueses de autoria feminina ligados às discussões decoloniais. Tam­bém é mestra em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), onde se licenciou em Letras.

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Publicado

2024-07-05

Como Citar

Fonseca e Silva, L. (2024). O viés feminino da lenda de Olisipo na escrita de Natália Correia e Dulce Maria Cardoso. Convergência Lusíada, 35(52), 50–82. https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1302