O ano da morte de Lisboa: Pessoa e Saramago em heteronímias tanatográficas

Autores

  • Ana Clara Magalhães de Medeiros Universidade Federal de Alagoas/Professora Adjunta I
  • Augusto Rodrigues da Silva Junior Universidade de Brasília/Professor Adjunto IV

DOI:

https://doi.org/10.37508/rcl.2019.n41a320

Palavras-chave:

Saramago, Pessoa, cidade, tanatografia.

Resumo

Lisboa é palco e mote da ação no romance passado n’O ano da morte de Ricardo Reis — publicação de José Saramago (1984) aqui estudada. Analisamos as deambulações de um heterônimo pessoano, Ricardo Reis, refeito em prosa pelo português Nobel de literatura. Acompanhando ainda os passeios de despedida de um Pessoa defunto pela capital lusitana, descortina-se uma cidade chuvosa, nublada pelo mal-estar (freudiano) e pela ascensão do salazarismo. As diversas poéticas pessoanas encorpam o romance, operando também neste trabalho como ferramentas discursivas para se pensar o indivíduo e acidade, a cidade em tempos de totalitarismo. Pelas janelas do tanatográfico livro dos anos 1980, revisitamos uma urbe desassossegada que conserva na poesia (ameaçada pela morte como tudo o que vive)seu espaço último de plenitude.

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Biografia do Autor

Ana Clara Magalhães de Medeiros, Universidade Federal de Alagoas/Professora Adjunta I

Ana Clara Magalhães de Medeiros é professora de Estudos Literários na Universidade Federalde Alagoas (Ufal). Pesquisadora permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras eLinguística (PPGLL/Ufal). Doutora em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB).

Augusto Rodrigues da Silva Junior, Universidade de Brasília/Professor Adjunto IV

Augusto Rodrigues da Silva Junior é professor de Literatura Comparada na UnB. Pesquisadorpermanente do Programa de Pós-Graduação em Literatura (Póslit/UnB). Pós-doutorado emLiteratura pela Universidade do Minho, Portugal. Doutor em Literatura Comparada pelaUniversidade Federal Fluminense.

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Publicado

2019-07-11

Como Citar

Medeiros, A. C. M. de, & Silva Junior, A. R. da. (2019). O ano da morte de Lisboa: Pessoa e Saramago em heteronímias tanatográficas. Convergência Lusíada, 30(41), 34–46. https://doi.org/10.37508/rcl.2019.n41a320