Xerazades silenciadas ou de algumas ambiguidades e resiliências no feminino: reflexões em torno de Falsos Preconceitos, de Nita Clímaco
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2022.n48a512Palavras-chave:
Resiliência, Dissidências sexuais, Ficção portuguesa de autoria feminina, Nita ClímacoResumo
O presente trabalho propõe uma leitura do romance Falsos preconceitos (1964/1969), da escritora portuguesa radicada na França Nita Clímaco. Com uma pequena, mas expressiva produção ficcional na década de 1960, a autora em estudo surge no cenário com uma abordagem ambígua e, ao mesmo tempo, ousada sobre temas considerados tabus para a sociedade portuguesa da época. Relembrar, portanto, uma das suas obras pode significar um eficaz caminho de compreensão, não apenas de um passado não tão afastado, mas também do próprio momento presente. A partir das premissas de Ana Bárbara Martins Pedrosa (2017), Cândido de Azevedo (1997) e Maria Luisa Alvim (1992), que destacam algumas das obras proibidas ao longo dos anos do poder fascista em solo português e as reverberações das cenas de censura sobre a produção de autoria feminina, o objetivo principal centra-se na reflexão sobre o referido texto de Nita Clímaco. Olhadas em conjunto, as escritoras desse cenário podem ser entendidas como exemplos bem acabados de Xerazades (LIMA, 2012), muitas delas silenciadas em suas respectivas épocas, cujas efabulações, ainda hoje, permanecem impactantemente atuais e capazes de suscitar indagações sobre as imposições que se levantam e como a elas resistir e desafiar pelo viés da criação narrativa.
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