José Craveirinha e a declaração da identidade moçambicana
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2019.n42a287Palavras-chave:
espaço, subúrbio, cidade.Resumo
Na poética de Craveirinha, há uma tensão enunciativa que traz vozes silenciadas de um país colonizado, sofrido, sobretudo injustiçado. A partir disso, buscamos refletir a representação do espaço na obra referida, de forma que a cidade e o subúrbio estão diretamente ligados, pois o subúrbio é um espaço que se constitui dentro da cidade, a qual é considerada por Macedo (2008) como espaço literário, como lugar de encontros e desencontros do contraditório. Assim, em Karingana ua Karingana, temos esses espaços contradizendo-se e apresentando contrastes evidentes e marcantes. Nesse sentido, nossa proposição centra-se na análise de poemas da obra escolhida, do poeta moçambicano José Craveirinha, por meio de reflexões que discutirão a representação desses espaços (cidade/subúrbio), uma vez que o bairro de cimento é visto como lugar de exploração, de sofrimento, de denúncia em meio à crítica ao regime colonial por um processo de produção das diferenças em um mundo onde o espaço social, cultural e econômico estão interligados.
Downloads
Referências
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
BORGES, Jorge Luis. Esse ofício do verso. Org. Caliu-Andrei Mifailesceu. Tradução: José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia das Letras: 2000.
______. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
BRANDÃO, L. A. Espaços literários e suas expansões, Aletria, Belo Horizonte, v. 15, edição única, p. 207-220, jan.-jun. 2007. DOI: https://doi.org/10.17851/2317-2096.15.1.206-220
______. Tensões do espaço literário. Aletria, Belo Horizonte, v. 22, n. 3, p.193-203, set.- dez. 2012. DOI: https://doi.org/10.17851/2317-2096.22.3.193-203
CHAVES, Rita. Dados biográficos e matéria poética na escrita de José Craveirinha. In: ______. Angola e Moçambique: experiência colonial e territórios literários. Cotia, SP: Ateliê, 2005.
CRAVEIRINHA, José. Karingana ua Karingana. 3. ed. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos/Instituto Nacional do livro e do Disco/Instituto Camões, 1995.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Tradução: José Laurêncio de Melo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
GAMEIRO, Armindo da Costa. O espaço autobiográfico em José Craveirinha. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2005.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo horizonte: UFMG, 2003.
______. A identidade cultural da pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
______. Quem precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes, 2009. p. 7-72.
LEITE, Ana Mafalda. A fraternidade das palavras, Via Atlântica, São Paulo, v. 1, n. 5, p. 20-28, out. 2002. DOI: https://doi.org/10.11606/va.v0i5.49718
MACEDO, Tania Celestino de. A presença da literatura brasileira na formação dos sistemas literários dos países africanos de língua portuguesa, Via Atlântica, São Paulo, v. 1, n. 13, p. 123-152, jun. 2008. DOI: https://doi.org/10.11606/va.v0i13.50259
MATA, Inocência. História e ficção na literatura angolana: o caso de Pepetela. Lisboa: Colibri, 1993.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. 2 ed. Tradução: Marta Lança. Lisboa: Antígona, 2017.
NGOMANE, Nataniel. José Craveirinha: nota biobibliográfica, Via Atlântica, São Paulo, v. 1, n. 5, p. 14-18, dez. 2002. DOI: https://doi.org/10.11606/va.v0i5.49717
NOA, Francisco. Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária. Lisboa: Caminho, 2002.
________. José Craveirinha: para além da utopia, Via Atlântica, São Paulo, v. 1, n. 5, p. 68-76, dez. 2002. DOI: https://doi.org/10.11606/va.v0i5.49722
________. As humanidades: entre a permanência e a finitude ou entre desassossegos e desafios, Via Atlântica, São Paulo, v. 1, n. 21, 119-130, jun. 2012. DOI: https://doi.org/10.11606/va.v0i21.51031
SAID, Edward W. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. Tradução: Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
______. Representações do intelectual: as Conferências Reith de 1993. Tradução: Milton Hatoum. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução: Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição NãoComercial (CC-BY-NC 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Convergência Lusíada utiliza uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.