O pensamento filosófico de Agostinho da Silva

Autores

  • João Ferreira Universidade de Brasília (UNB)

Palavras-chave:

Pensamento filosófico, Filosofia como reflexão, Filosofia como ars vivendi, Coordenadas fundantes da filosofia, Filosofia criacionista

Resumo

Expõe-se neste texto o teor e a qualidade do pensamento filosófico de Agostinho da Silva. Mostra-se que a tônica espiritual de Agostinho é itinerante, ontológica, religiosa e mística, sempre carregada da relação contextual da cultura lusíada. Agostinho cria doutrinas, teses e reflexões sobre o homem e o mundo. Mostra luz própria e coloca suas reflexões no ca­minho dos caminhantes da filosofia. De maneira adequada, usa a filosofia como reflexão. O grande destaque da natureza desta reflexão é a opção que Agostinho faz pela filosofia como pensamento vivo, dando à filosofia a função de ser uma teorização para a arte de bem viver. A filosofia de Agostinho caracteriza-se também como um instrumento ancilar, ou seja, a filosofia é prestadora de serviços. Entre esses serviços, vemo-la como ato teorizante e fundante da descoberta e exercício da identidade portuguesa e também como instrumento pedagógico para orientação e doutrinação da missão de Portugal no mundo. Ao lado disso, há textos que a colocam a serviço da hermenêutica da história e da cultura e do destino de Portugal. Na tentativa de mostrar os caminhos da identidade portuguesa, Agostinho recorre à idéia criacionista, mostrando que é o próprio homem que tem de abrir horizontes para a construção de seus caminhos. Essa idéia criacionista era uma idéia preferencial que seu mestre Leonardo Coimbra defendia desde a publicação de seu livro O Criacionismo em 1912 e que mais tarde levou para a Faculdade de Letras do Porto. No decurso de suas explanações opta pela filosofia como ato vital. A filosofia será por isso, no fundo, conforme expõe claramente em Sete cartas a um jovem filósofo, acima de tudo, uma teorização básica sobre a arte de viver - o que termina por ser uma adesão à tese da philosophia ut ars vivendi, na seqüência de grandes outros mestres numa linha que vem desde Platão, seguindo adian­te através de Santo Agostinho, São Boaventura, Pascal e Henri Bergson.

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Biografia do Autor

João Ferreira, Universidade de Brasília (UNB)

Nasceu em Agunchos, Cerva, Portugal. Veio para o Brasil em 1968 para assumir a docência no Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Brasília, por intermediação de Agostinho da Silva, nessa altura Coordenador do Centro Brasileiro de Estudos Portugueses da UnB. Possui doutorado em Filosofia e Pós-dou­torado em Literatura Portuguesa. É atualmente Professor Titular aposentado da Universidade de Brasília. Prin­cipais obras publicadas: Presença do augustinismo avicenizante na teoria dos intelectos de Pedro Hispano. Braga: 1959; Existência e fundamentação geral da Filosofia Portuguesa. Braga: 1965; Uaná. Narrativa Africana. São Paulo: Global Editora, 1987; A Questão do Pré-Modernismo na Literatura Portuguesa. Brasília: 1996; A alma das Coisas (Poemas). Rio de Janeiro: Papel Virtual, 2004. Na área de tradução, foi coordenador de tradução, revisor e um dos tradutores do Dicionário de Política de Norberto Bobbio, Brasília: Ed. da UnB, 1986.

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Publicado

2007-06-30

Como Citar

Ferreira, J. (2007). O pensamento filosófico de Agostinho da Silva . Convergência Lusíada, 21(23), 170–179. Recuperado de https://convergencia.emnuvens.com.br/rcl/article/view/607