“Senhor Ulme, encontrarei o seu caroço e dar-lhe-ei um motivo para ser cuspido”: uma leitura da memória em Flores, de Afonso Cruz

Autores

  • Delcyanne Kathlen Silva Lima Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
  • Gabriel de Jesus dos Anjos Costa Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
  • Márcia Manir Miguel Feitosa Universidade Federal do Maranhão (UFMA) https://orcid.org/0000-0001-5750-8620

DOI:

https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1304

Palavras-chave:

Memória., Flores., Afonso Cruz., Novíssima Literatura Portuguesa.

Resumo

A memória é um fenômeno que envolve a evocação das experiências vividas no passado que se manifestam por meio das lembranças. Como tal processo faz parte do “ser” humano, há uma tentativa humana de entender toda a complexidade envolvida no processo de rememoração. Tendo como base tais ideias, objetiva-se, no presente artigo, analisar as manifestações do fenômeno da memória no romance Flores (2016), de Afonso Cruz, a fim de expor de que forma os personagens se relacionam com tal processo. Do ponto de vista metodológico, o artigo configura-se como qualitativo de cunho bibliográfico. Publicado em 2015, Flores faz parte de uma tendência da Novíssima Literatura Portuguesa de tocar em temas universais. A análise de Flores (2016) demonstrou explicitamente como, na falta de uma me­mória individual, é na coletividade que o homem alimenta sua necessidade de conhecer o próprio passado. Além disso, o resgate do passado, tal como aconteceu com o senhor Ulme, ocorre sobretudo numa busca pela identidade perdida, fragmentada ou desconhecida. A análise sobre Kevin com­prova como as memórias podem atuar na identidade presente do homem, uma vez que muitas de suas ações atuais são ecos dos ensinamentos do seu pai. Pode-se afirmar, portanto, que Afonso Cruz criou uma narrativa que se situa no tripé da memória individual, da memória coletiva e da identidade. Servirão de aporte teórico para esse estudo as reflexões de Paul Ricoeur (2007), Michael Pollak (1992), Maurice Halbwachs (1990), Yi-Fu Tuan (2013), Joël Candau (2011), Gabriela Silva (2016) e Miguel Real (2012).

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Biografia do Autor

Delcyanne Kathlen Silva Lima, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Graduanda do curso de Letras – Inglês pela Universidade Federal do Maranhão. Integrante do Grupo de Pesquisa em Paisagem e Literatura (GEPLIT). Bolsista do Programa Insti­tucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) pela Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Gabriel de Jesus dos Anjos Costa, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Graduando do curso de Letras – Inglês pela Universidade Federal do Maranhão. Integrante do Grupo de Pesquisa em Paisagem e Literatura (GEPLIT). Bolsista do Progra­ma Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) pela Fundação e Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

Márcia Manir Miguel Feitosa, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Professora titular do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão. Doutora em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Bolsista de Produtividade do CNPq – nível 1D. Líder do Grupo de Estudos de Paisagem em Literatura (GEPLIT/CNPq). Autora do livro A representação do espaço e do poder em Mário de Carvalho: uma apologia da subversão (2018).

Referências

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Publicado

2024-07-05

Como Citar

Kathlen Silva Lima, D., de Jesus dos Anjos Costa, G., & Manir Miguel Feitosa, M. (2024). “Senhor Ulme, encontrarei o seu caroço e dar-lhe-ei um motivo para ser cuspido”: uma leitura da memória em Flores, de Afonso Cruz. Convergência Lusíada, 35(52), 188–213. https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1304