Real Capela de Música do Rio de Janeiro, 1808 -As transformações na linguagem de José Maurício Nunes Garcia (1767 - 1830)
Palavras-chave:
José Maurício Nunes Garcia, Música colonial, Real Capela de MúsicaResumo
A criação da Real Capela de Música do Rio de Janeiro pelo príncipe D. João, em 1808, foi a maior transformação no panorama musical do Brasil colônia. Entre as principais preocupações no momento da vinda da corte portuguesa para os trópicos, estava a manutenção da ritualística dos Bragança. Desde D. João IV, com sua prodigiosa biblioteca musical, a existência de uma Real Capela de Música de excelência era prioridade para a demonstração do poder e da cultura do monarca. Esta Capela de Música em solo brasileiro, criada nos moldes da de Lisboa, chegou a contar com mais de uma centena de músicos, entre os Melhores instrumentistas portugueses e brasileiros e até os castratti italianos, caso singular nas Américas daquela época. As possibilidades de expressão e influências estilísticas de um agrupamento musical dessa magnitude foram imediatas, tendo sido reveladas, sobretudo, na linguagem do compositor brasileiro José Maurício Nunes Garcia, maestro compositor principal da Real Capela entre 1808 e 1811, cuja obra passa por um período de transição em que, aos poucos, abandona certas práticas ainda ligadas ao século XVIII e alça vôo rumo a um estilo pré-romântico que terá exemplo máximo em sua última obra, de 1826. A principal peça desse momento de transição, e que servirá como modelo para seu novo estilo, é a Missa da Conceição para 8 de dezembro de 1810. O presente ensaio pretende abordar questões acerca deste elo entre a música do século XVIII, funcional e objetiva, e a do XIX, em que José Maurício Nunes Garcia demonstrará sua adaptação a uma linguagem mais moderna, teatral e grandiosa.
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