Judith Navarro (1910-1987) : une voix réduite au silence/annulée(?)
DOI :
https://doi.org/10.37508/rcl.2025.n54a1361Mots-clés :
Censure, Dictature salazariste, Fiction écrite par des femmes, Judith NavarroRésumé
À partir des définitions de la « cancel culture » (Castro ; Libardi, 2024 ; Chiou, 2020 ; Woolf, 2020) et de ses résonances avec certaines pratiques de silence, comme la censure (Cabrera, 2013 ; Pimentel, 2007), nous proposons une lecture de la carrière et d'une partie de l'œuvre de l'écrivaine portugaise Judith Navarro (1910-1987), une voix réduite au silence non seulement par les heures sombres de la dictature de Salazar, mais aussi par les critiques littéraires eux-mêmes, qui l'ont réduite à quelques lignes dans l'historiographie officielle. Il s'agit ici de donner de la visibilité au projet créatif de l'auteure, tout en démontrant la pertinence de son œuvre à une époque où de nombreuses femmes ont résisté à l'effacement imposé par le « crayon bleu de la loi de censure » (Letria, 2023, p. 9).
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