A construção de uma nova versificação portuguesa, 1777-1784

Autores

DOI:

https://doi.org/10.37508/rcl.2025.n54a1342

Palavras-chave:

poesia, setecentismo, versificação, metrificação, Portugal

Resumo

Este artigo faz uma leitura de três obras impressas em Portugal entre as décadas de 1770 e 1780 que tratam sobre versificação: Regras da versificaçaõ portugueza (1777), de Francisco José Freire; Tratado da versificação portugueza (1777), de Pedro José da Fonseca; e Tratado da versificação portugueza (1784), de Miguel do Couto Guerreiro. A hipótese construída é que esses materiais, afinados em uma consonância intelectual pós-pombalina, articulam-se em torno da construção de uma nova versificação portuguesa, a qual toma como modelo as Luzes da poesia descubertas no oriente de Apollo (1724), de Manoel da Fonseca Borralho. Nessa hodierna configuração, métrica e ritmo são separados das matérias, ao passo que formas poéticas emergem ou são substituídas, abrindo espaço para um pensamento mais aberto e abstrativo de poesia que desagua em uma proposta reformada de contagem silábica.

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Biografia do Autor

Bruno Gomes Rodrigues, Universidade de São Paulo (USP)

Mestre em Estudos Brasileiros (IEB-USP) e Doutorando em Literatura Brasileira (FFLCH-USP). Trabalha com História e teoria das poesias portuguesa, luso-americana e brasileira dos séculos 18 e 19.

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Publicado

2025-07-07

Como Citar

Gomes Rodrigues, B. (2025). A construção de uma nova versificação portuguesa, 1777-1784. Convergência Lusíada, 36(54), 249–263. https://doi.org/10.37508/rcl.2025.n54a1342